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Associação Brasileira
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O SOMMELIER E A CBO - PARTE 1


Ilustração blog https://homolog.abs-brasil.com/noticia/abs-estaduais/o-sommelier-e-a-cbo-parte-1

Atraente notícia para os profissionais do setor de bebidas está circulando pela mídia especializada: O RECONHECIMENTO DO SOMMELIER DE CACHAÇA, DE CERVEJA E DE SAQUÊ NO BRASIL.


O título acima inspirou-me profunda reflexão sobre a evolução do sommelier no Brasil e os laços que esta importante atividade tem produzido, tópicos estes que gostaria de compartilhar em dois textos distintos.


Começamos nossa ponderação sobre o tema falando do carismático Otoniel Abílio da Costa a quem tive o prazer de conhecer há alguns anos. Na ocasião, ele gentilmente presenteou com atenciosa dedicatória três exemplares de seu singelo livro intitulado “ARTE & DESEJO – UMA BREVE INTRODUÇÃO À ALTA GASTRONOMIA NO BRASIL”, obra prefaciada pelo renomado Danio Braga, Presidente da ABS-BRASIL, que, entre outros atributos, também é fundador da ABS – Associação Brasileira de Sommeliers e da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança.


Tive a honra de receber um exemplar desta interessante obra e os outros dois livros na época foram dedicados pelo autor para meus queridos amigos sommeliers, Renato Costa, notável ícone e presidente da ABS MINAS, e, Dionísio Chaves, brilhante restaurateur no Rio de Janeiro e um dos sommeliers mais premiados do Brasil.


Otoniel conta em seu livro que em 1.966, aos 18 anos, chegou ao Rio de Janeiro e começou a laborar como ajudante de pedreiro, mas, logo migrou para a área da gastronomia, e, após anos de trabalho árduo e incansável estudo, vivenciou o auge de sua brilhante carreira como sommelier de um dos maiores restaurantes de alta gastronomia da capital carioca, o Le Saint Honoré, palco na época de grandes chefs franceses, como Paul Bocuse e Laurent Suaudeau.

Desempenhando com maestria desde os meados dos anos setenta as funções de maitre e sommelier, o pioneiro Otoniel, em um dos trechos de sua obra, sensibilizou-me ao descrever com carinho sua habilidade natural para atender e lidar com pessoas:


“Mesmo com meu tipo franzino, não era o protótipo de galã, as senhoras davam preferência a mim na hora de serem atendidas. O segredo estava em ouvi-las, com atenção, atender as suas vontades, contornar empecilhos, e, mais importante, ficar feliz por fazê-las felizes. Cada sorriso que conseguia tirar daquelas damas, enquanto vendia o meu “peixe”, parecia resgatar a imagem da minha avó paterna /.../ que havia ficado fisicamente tão distante” (sic)


Tenho por mim que o primeiro brasileiro a exercer essa nobre profissão de sommelier em solo nacional foi o aguerrido Otoniel Abílio da Costa, mas se alguém souber de outro valoroso profissional que tenha atuado aqui no Brasil antes dele, seria de grande valia nos informar, até para prestarmos as devidas homenagens.


Bem, a trajetória do estimado Otoniel assemelha-se muito à história do sommelier no Brasil. A profissão começou a exercida no país nos meados dos anos setenta e a primeira Associação Brasileira de Sommeliers foi fundada pelo decano Danio Braga no Rio de Janeiro em 1.983. A ABS mineira, por sua vez, é bem mais jovem, pois, salvo engano, nasceu em 2.005.


Contudo, somente em 2.011, a atividade de sommelier foi inicialmente regulamentada no país, por meio da Lei Federal 12.467/11 que se limitou apenas ao vinho, mas, de lá para cá, como qualquer ocupação, tem se especializado cada vez mais em virtude dos mais diversos seguimentos que representa.


Inobstante suas raízes no vinho, o sommelier hoje pode ser especialista em outras bebidas ou até mesmo em outros produtos. Daí que a palavra francesa “sommelieria”, que ainda não existe oficialmente em muitos dicionários brasileiros, poderá em breve fazer parte do nosso rico vernáculo, assim como já faz a palavra enogastronomia.


Com efeito, as nomeclaturas têm acompanhado, digamos assim, essa pluralidade de gêneros. Em rápida pesquisa pela internet encontramos os termos: “Beer Sommelier” (cerveja), “Epicure Sommlier” (charuto), “Cachacier” (cachaça), dentre outros.


Em verdade, no mercado nacional, já atuam sommeliers especializados em cachaças, cervejas, charutos e até águas. A ABS MINAS mesmo tem em seu corpo docente o primeiro sommelier brasileiro de águas certificado internacionalmente, meu colega de confraria e de júri na Expocachaça, Rodrigo Rezende.


Nossa associação mineira ministra já há alguns anos o curso de sommelier de cerveja conduzido pelo genial Leonardo Nascimento, outro estimado amigo, e também o de cachaça, coordenado com brilhantismo pela adorável Lorena Simão.


Essa expertise no emblemático destilado brasileiro, inclusive, há cinco anos rende a importante parceria com a famosa feira Expocachaça, em que a ABS mineira juntamente com o LABM, conceituado laboratório de controle de qualidade e de análise físico-química da cachaça, são responsáveis pelo julgamento anual no Concurso da Cachaça, Bebidas Mistas com Cachaça e outros Destilados Produzidos no Brasil.


É claro que a cachaça e a cerveja, duas importantes iguarias do cenário mineiro, a todo momento clamam por sommeliers, e, neste sentido, a ABS MINAS não poderia se furtar a formar esses profissionais, sendo a associação uma das pioneiras nesse setor graças ao seu Presidente visionário, Renato Costa.


Assim, o dueto diversidade e especialidade decerto que contribuiu, segundo divulgado pela mídia especializada, para a inclusão, a partir de 2.022, das atividades de sommeiler de cachaça, de cerveja e de saquê na CBO Classificação Brasileira de Ocupações, assunto este muito interessante mas que será objeto de uma segunda prosa por aqui.


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*Marcelo Brandão é Vice-Presidente da ABS MINAS (Associação Brasileira de Sommeliers Seção Minas Gerais), membro efetivo e associado correspondente da ABDVIN (Academia Brasileira de Direito do Vinho)